19.12.08

Reflexos de outras almas

...pessoas insignificantes tentam reduzir quem realmente é importante na ilusao de sentir a importancia que desejariam ter...

....deixo aqui um testemunho ao qual nao pude ficar indiferente e a quem nao pude deixar de dar o meu apoio...

"O meu pai sempre bateu na minha mãe, desde que me lembro, era mau e em vezes que ela tentou fazer queixa à polícia os próprios polícias retraiam-se e diziam que entre marido e mulher...e a minha mãe com a boca toda ensanguentada, a levar pontos, as nódoas negras constantes, o olho que passou a ver menos bem, etc etc. Chegou ao ponto de lhe encostar uma arma à cabeça, chegou ao ponto de disparar e só falhar por estar demasiado bêbado. E eu cresci também a ser espancada, também a ser humilhada, sem que ninguém nada fizesse por mim. Lembro-me da coisa mais revoltante que ele me fez, obrigou-me a estar a cerca de 5 metros dele parada e em pé enquanto me atirava batatas e cebolas que tinha junto a si, depois obrigava-me a apanhar tudo, devolver-lhe para mas voltar a atirar. Lembro-me das noites em que me acordava para me bater, dos pontapés que me dava...lembro-me de dormir dentro do guarda-roupa toda tapada para me sentir protegida. Lembro-me de me chamar estúpida, de dizer que eu era uma merda, ah e também me lembro de me bater com a parte de cabedal da trela do cão, com um chinelo de plástico duro que me deixava vergões durante dias. Lembro-me depois de já em adulta estar grávida e ter reagido menos bem contra o senhor que me ameaçou dar-me um pontapé na barriga porque eu recusei abortar. E fui eu que tive problemas em tribunal e fui eu que saí a perder, porque o que ele disse nada conta. Puta de vida, vida filha da puta. (...) É engraçado que até aos meus 16 anos eu não achava que o que passava lá em casa era violência doméstica, pensava que só as mulheres que morriam é que eram as verdadeiras vítimas. Na verdade, pensava que todos os meus colegas na escola tinham pais assim, demorei muito até perceber que nem todos os pais batem nas mulheres e nos filhos. E das coisas que mais me comove hoje em dia é ver um homem pegar num filho ao colo e beijá-lo e ver que a criança não tem medo, que se agarra também e que está feliz por o abraçar, coisa que a mim nunca aconteceu..."

13.12.08

Reflexos

"Don’t loOk for endings wheN you need a beGinNing"